Lições Bíblicas CPAD 3º Trimestre de 2001
Título: Hebreus — “... os quais ministram em
figura e sombra das coisas celestes”
Comentarista: Elinaldo Renovato
Lição
2: Cristo,
superior aos anjos
Data: 8 de Julho de 2001
TEXTO ÁUREO
“Feito tanto
mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb
1.4).
VERDADE PRÁTICA
Cristo encarnou-se para cumprir sua missão salvífica, isto é,
fez-se homem, tendo, porém, sua natureza divina, sendo um com o Pai, e superior
aos anjos.
LEITURA DIÁRIA
Segunda -
Mt 4.23
Jesus, o
ensinador
Terça - Lc
4.18,19
Jesus, o
libertador
Quarta -
At 2.32
Jesus
venceu a morte
Quinta -
Sl 34.7
O anjo do
Senhor
Sexta - Sl
148.2
Os Anjos
louvam a Deus
Sábado -
Hb 13.2
Hospedando
anjos
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Hebreus
1.4-14; 2.1-3.
Hebreus 1
4 - Feito tanto mais excelente do que
os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.
5 - Porque a qual dos anjos disse
jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e
ele me será por Filho?
6 - E, quando outra vez introduz no
mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.
7 - E, quanto aos anjos, diz: O que de
seus anjos faz ventos e de seus ministros, labareda de fogo.
8 - Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu
trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu
reino.
9 - Amaste a justiça e aborreceste a
iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo da alegria, mais do
que a teus companheiros.
10 - E: Tu, Senhor, no princípio,
fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos;
11 - eles perecerão, mas tu
permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão,
12 - e, como um manto, os enrolarás, e,
como uma veste, se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão.
13 - E a qual dos anjos disse jamais:
Assenta-te à minha destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus
pés?
14 - Não são, porventura, todos eles
espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação?
Hebreus 2
1 - Portanto, convém-nos atentar, com
mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum,
nos desviemos delas.
2 - Porque, se a palavra falada pelos
anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu a justa
retribuição,
3 - como escaparemos nós, se não
atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo
Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram;
PONTO DE CONTATO
Esta lição fala acerca da superioridade de Jesus sobre os anjos.
Os crentes hebreus, baseados nos relatos e ensinamentos do Antigo Testamento,
tinham os seres angelicais em alta estima e respeito, uma vez que os mesmos
ocupavam proeminente lugar na economia divina. Eles sabiam que caso suas
mensagens fossem desprezadas, conseqüências terríveis haveriam de vir.
Era urgente e necessário para aqueles crentes entenderem que
Jesus está acima dos anjos em todos os aspectos, pois sua mensagem e missão têm
finalidade infinitamente mais sublime: a salvação de todos os homens em todas
as épocas e lugares. Somente ao Senhor Jesus toda honra, glória e majestade.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
·
Afirmar que Jesus é superior aos anjos em todos os aspectos.
·
Definir os privilégios de Jesus como Senhor e Criador.
·
Explicar que não há salvação fora de Jesus.
SÍNTESE TEXTUAL
Os anjos tiveram importantes momentos na história dos judeus,
tanto no âmbito nacional como na vida de indivíduos. Em sua natureza, mesmo
atuando em favor dos que hão de herdar a vida eterna, são criaturas com
limitações se comparadas ao Senhor Jesus Cristo. Ele é declarado como Filho
pelo próprio Deus, é o Messias. Criador e está à direita do Pai.
O escritor, ainda demonstrando a superioridade de Jesus sobre os
anjos, lembra aos leitores que, se o que foi dito pelos anjos foi válido ao
ponto de toda desobediência às palavras angelicais receber punição, maior pena
receberá aqueles que desprezarem, em Jesus, “tão grande salvação”. Apenas Ele,
como verdadeiro Sumo Sacerdote, pode se compadecer dos que são tentados e
salvá-los.
ORIENTAÇÃO DIDÁTICA
Com o intuito de fixar o tema da lição e, especificamente, o
ponto que fala da superioridade de Jesus sobre os anjos, reproduza no quadro de
giz ou em uma cartolina o quadro comparativo abaixo.
Peça a seus alunos que examinem cuidadosamente todas as
diferenças e coloque ao lado de cada item a referência bíblica correspondente.
COMENTÁRIO
introdução
Na Antiga Aliança, os anjos eram muito considerados. Na epístola
aos Hebreus, o escritor ressalta, de modo enfático, a superioridade de Cristo em
relação aos seres angelicais e, ao mesmo tempo, afirma que Ele, ao se encarnar,
fez-se “um pouco menor que os anjos” (Hb 2.9). Nesta lição, estudaremos alguns
aspectos importantes dessa superioridade, entendendo esse paradoxo numa análise
exegética simples.
I. MAIS
EXCELENTE EM SUA NATUREZA E NO SEU NOME
1. Os anjos na Bíblia. Os anjos tiveram papel muito importante entre
o povo de Deus no Antigo Testamento. Ver Gn 19.1,15; 28.12; Êx 3.2; 23.20; Sl
103.20. No Novo, não foi diferente. Um anjo apareceu a José, revelando o
nascimento sobrenatural de Jesus (Mt 1.20); um anjo removeu a pedra do sepulcro
de Jesus, após sua ressurreição (Mt 28.2). Hoje, há uma verdadeira idolatria em
torno desses seres celestiais. A Bíblia adverte: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer,
com pretexto de humildade e culto dos anjos” (Cl 2.18).
Outras referências demonstram claramente a ação dos anjos, não
só em favor de Israel, mas de todos os servos de Deus, em todo o mundo (cf. Sl
34.7).
2. A natureza dos anjos (vv.7,14). O texto bíblico nos revela alguns aspectos
relativos à natureza dos anjos. No v.7, lemos que Deus “de seus anjos faz
ventos, e de seus ministros labaredas de fogo”. É uma citação de Salmos 104.4.
Eles são ministros usados por Deus segundo a sua vontade, submissos a cada
convocação sua, portanto, ficam muito aquém da natureza e das funções do Filho
de Deus. Por maiores que sejam os anjos, em comparação com Cristo são apenas
bafos de ventos e fagulhas de fogo. Eles são criaturas. Jesus é Criador,
inclusive dos anjos (ver Jo 1.3). No v.14, os anjos são chamados “espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação”.
II. A
SUPERIORIDADE DE JESUS EM RELAÇÃO AOS ANJOS
1. Declarado Filho de Deus, gerado pelo Pai. No v.5, o escritor indaga: “a qual dos anjos
disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por
Pai, e ele me será por Filho?”. Estas perguntas trazem em seu bojo a afirmativa
de que Cristo é superior aos anjos, por ter sido gerado pelo Pai. Ver também Rm
1.4. O escritor sacro reporta-se a Salmos 7.2, que diz: “Recitarei o decreto: O
SENHOR me disse: Tu és meu Filho; eu hoje te gerei”. Essa questão é realmente
difícil de entender. Sendo Deus, em que sentido Jesus poderia ser gerado? A
resposta está no grandioso milagre e mistério da sua encarnação,
incompreensível à mente humana, que só entende um pouco das coisas terrenas.
2. O Filho pela ressurreição. O escritor Lucas, no Livro de Atos, declara:
“E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos pais, Deus a cumpriu a
nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo
segundo: Meu filho és tu; hoje te gerei” (At 13.32,33). Sem ter deixado jamais
de ser Deus, Jesus foi apresentado ao mundo publicamente, como Filho de Deus,
na ressurreição. Veja o que Paulo diz: “Declarado Filho de Deus em poder,
segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos — Jesus
Cristo, nosso Senhor” (Rm 1.4). De fato, se Jesus tivesse feito milagres, mas
não houvesse ressuscitado, ninguém poderia crer que fosse o divino Filho de
Deus (Ver Mt 3.17; 17.5; Rm 1.4). Seria como Buda, Maomé, Chrisna, etc.
3. O Filho deve ser adorado pelos anjos (v.6). “E quando outra vez introduz no mundo o
primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”; “...por isso lhe darei o
lugar de primogênito; fá-lo-ei mais elevado do que os reis da terra” (Sl
89.26,27).
4. Jesus está à direita de Deus (v.13). Esta é a posição de honra, dada somente a
Cristo, e a ninguém mais: “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha
destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés?”. Estêvão,
quando estava sendo martirizado, contemplou Jesus à direita de Deus (cf. At
7.55).
5. Jesus é Rei, Messias e Criador. No v.8, lemos: “Mas do Filho diz: ó Deus, o teu
trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu
reino”. Aqui o Filho é chamado Deus, como de fato Ele o é, além de ser também
Rei, cujo cetro (símbolo da autoridade real) é de retidão. Os anjos não têm
poder de reino ou soberania. Nos vv.9-12, vemos que Jesus é apresentado como o
Ungido, o Messias, e, ao mesmo tempo, como aquEle de quem a terra e “os céus
são obra” de suas mãos. O v.13 prossegue exaltando a superioridade de Cristo
como o vencedor, pondo seus inimigos debaixo de seus pés.
III. A GRANDE
SALVAÇÃO EM JESUS
1. Advertência contra o desvio (vv.1-3). Depois de apresentar o quadro da superioridade
de Cristo em relação aos anjos, o escritor aos Hebreus é levado a advertir os
destinatários da carta (e a nós, também), quanto “às coisas que já temos
ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas” (v.1). E explica que, se
“a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e
desobediência recebeu a justa retribuição”, indaga solenemente: “Como escaparemos
nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...?” (v.3). Esta salvação,
trazida por Jesus Cristo, não foi efetivada por meras palavras, e sim,
autenticada por Deus, por meio de “sinais e milagres, e várias maravilhas e
dons do Espírito Santo...” (v.4). Quem se desvia da sua fé em Cristo, corre o
risco de perder-se para sempre (v.3).
2. Jesus, homem, um pouco menor que os anjos (2.7-9). Esse é um aparente paradoxo encontrado na
carta aos Hebreus, relacionado à encarnação de Cristo. “Vemos, porém, coroado
de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os
anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a
morte por todos”. A dedução é simples: Jesus, feito homem, despojou-se
voluntariamente de parte de seus atributos, e sujeitou-se a morrer, na cruz,
para que “provasse a morte por todos”. Nessa condição, em sua natureza humana,
tornou-se “um pouco menor que os anjos”. Se não fosse assim, a sua natureza
divina não o permitiria morrer, pois Deus não morre.
IV. JESUS, O
FIEL SUMO SACERDOTE (2.9-18)
1. Tudo existe em função dEle (v.10a). Para Jesus são todas as coisas, visto que elas
existem por Ele e para Ele (Cl 1.16). E assim é, para que Ele traga “os filhos
à glória”, e, pelas aflições, se tornasse “o príncipe da salvação deles”
(v.10b). Os filhos, ou seja, os que o receberam, deu-lhes o poder (o direito)
de serem feitos “filhos de Deus” (Jo 1.12), e são chamados por Cristo de
“irmãos” (v.11). É sublime a declaração de Cristo, em relação aos que são
salvos por Ele. No v.13, Ele diz: “Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me
deu”. Esses são livres do “império da morte, isto é, do Diabo” (v.14), e da
servidão (v.15).
2. Em tudo, foi semelhante aos irmãos (v.17). Para poder cumprir sua missão salvadora,
Jesus, “em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas
aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos
homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se até à morte, e morte de cruz”
(Fp 2.6-8). Assim, “feito um pouco menor que os anjos”, entregou-se a Deus
para, como “fiel sumo sacerdote”, expiar os pecados do povo (v.17)
3. Em tudo foi tentado (v.18). Em sua condição humana, Jesus, o Filho do
Homem, suportou a tentação, “para socorrer aos que são tentados”. Esta é uma
afirmação consoladora para nós, os crentes, que durante a caminhada na Terra, somos
acossados e ameaçados por várias tentações. Nosso Deus, Jesus, não foi em sua
missão um deus alienado dos seus adoradores e fiéis, como prega o deísmo. Pelo
contrário, Ele se colocou no meio dos pecadores e, como eles, foi tentado até à
cruz para lhes dar vitória sobre as tentações. Na verdade, Ele, “como nós, em
tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Glória a Deus, por isso!
CONCLUSÃO
A superioridade de Cristo em relação aos anjos excede em muito a
idéia distorcida, e difundida entre os incrédulos, de que os seres angelicais
têm papel místico, ao ponto de serem venerados ou mesmo adorados pelos adeptos
das falsas doutrinas.
VOCABULÁRIO
Acossar: Correr ao encalço de, perseguir, afligir,
atormentar.
Cetro: Bastão de apoio usado outrora pelos reis e generais.
Dedução: Ação de deduzir, o que resulta de um raciocínio lógico.
Martirizar: Afligir, atormentar, mortificar.
Místico: Misterioso e espiritualmente alegórico ou figurado.
Paradoxo: Conceito que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate.
Reportar: Dar como causa, atribuir, referir.
Cetro: Bastão de apoio usado outrora pelos reis e generais.
Dedução: Ação de deduzir, o que resulta de um raciocínio lógico.
Martirizar: Afligir, atormentar, mortificar.
Místico: Misterioso e espiritualmente alegórico ou figurado.
Paradoxo: Conceito que é ou parece contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate.
Reportar: Dar como causa, atribuir, referir.
EXERCÍCIOS
1. Quando Jesus foi apresentado como o Filho de
Deus?
R. Publicamente, na sua ressurreição.
2. Qual a posição de honra de Cristo no céu?
R. Assentado à destra de Deus.
3. Qual o papel primordial dos anjos em relação aos
crentes?
R. Eles são considerados “espíritos
ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação”.
4. Porque a Bíblia diz que Jesus foi feito um pouco
menor que os anjos?
R. “Por causa da paixão da morte, para
que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos”.
5. Como se posicionou Jesus em relação à tentação?
R. Em tudo foi tentado, mas sem pecado.
AUXÍLIOS
SUPLEMENTARES
Subsídio
Teológico
O autor da carta aos Hebreus, iniciando seu escrito, fala acerca
de três tipos de emissários que Deus enviou ao mundo para transmitir a sua
revelação: os profetas, os anjos e o Filho.
Comparando-se os profetas e os anjos, deve-se deixar claro que
os primeiros foram muito usados por Deus, falando com autoridade e convicção.
Entretanto, seus oráculos, mesmo sendo da parte de Deus, nem sempre eram bem
recebidos. A rebeldia dos ouvintes fez com que diversos profetas fossem
assassinados, desprezados e passassem por adversidades. No caso dos anjos, não
há relatos de terem sido desprezados ou apedrejados, pois eram tidos em grande
temor por serem figuras sobrenaturais. (Note que as diversas aparições dos
seres celestes causavam muito medo, motivo este que levava os anjos a começarem
seus diálogos com a expressão “Não temas”). Comunicações que exigiam decisão de
uma pessoa eram transmitidas por anjos (veja os exemplos de Abraão, Gideão e
Ló).
Se o povo ouvia os anjos com certo grau de temor, mais temor
deveriam ter diante do Filho de Deus, por ser este maior do que os anjos. Ele
criou todas as coisas, inclusive os anjos. Se o povo reverenciava os
mensageiros celestes, estes, por sua vez, reverenciavam o Filho. O mundo
vindouro não foi deixado sob os cuidados dos anjos, mas de Jesus. Eles são
“espíritos ministradores”, que labutam em prol dos que “hão de herdar a
salvação”, enquanto o Filho é o próprio executor da salvação. Até na forma de
tratamento, a designação “anjos” é inferior ao “Filho”, pois são eles servos,
criaturas, e Jesus é Senhor e Criador. Partindo desses argumentos, o escritor
anuncia a superioridade de Jesus tanto sobre os profetas como sobre os anjos.
O autor conclui que, se as palavras ditas pelos anjos foram
firmes e, no caso de transgredidas, receberam punição, maior responsabilidade
haverá para os que rejeitarem as palavras do Filho de Deus, sem o qual não há
salvação.
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